Software Livre sem excesso de filosofia

Saiu hoje no Estadão uma matéria quase sarcástica sobre Richard Stallman, criador do conceito de Software Livre, lá nos idos dos anos 70.

Sem suas idéias visionárias, sua postura radical, e sua seriedade jurídica, coisas como Linux não existiriam, e Padrões Abertos seria um conceito ligeiramente diferente do que é hoje. Richard Stallman é um cara que mudou o mundo, e suas idéias sobre Software Livre passaram a ter um dimensão maior a ponto de abraçar toda a criação artística, ciência e cultura humana via o Creative Commons (veja este video, e depois este para entender tudo), descendente direto do Software Livre. Tudo em prol de uma cultura livre.

Mas os anos passam, o mundo gira, e parece que ele se afogou num mar de idealismo: para ele, se o usuário não consegue ler e alterar o código fonte do software, ele é prisioneiro desse software. Talvez ele esqueceu que poucas pessoas sabem ler código fonte de um programa de computador, e dessas, a maioria — eu incluso — não tem o menor interesse em lê-lo, muito menos alterá-lo. Estamos mesmo é interessados na liberdade que um software nos dá para vivermos melhor a nossa vida.

Um software que não provê exatamente a funcionalidade que o usuário quer não precisa necessariamente ser mudado por ele. Ou será trocado, ou a pessoa irá de adaptar, porque afinal computador é burro e só sabe fazer aquilo, e ser humano é inteligente.

Software Livre virou moda, mas isso não significa que tudo quanto é SL é bom e resolve os problemas das pessoas e das empresas. Estas por sinal tem se sofisticado cada vez mais a ponto de precisarem de soluções de software mais complexas e mais inovadoras. E essas coisas são geralmente mais encontradas no software de código fonte fechado.

Então quando Software Livre e quando software comercial ?

A resposta é buscar um bom balanço entre ambos com esta fórmula:

  1. Divida a TI de uma empresa em camadas que vão da mais infraestrutural (storage, servidores, SOs – como Linux) até o mais alinhado aos processos de negócio (aplicações de negócio e internas, ERPs, CRMs etc).
  2. Quanto mais infraestrutural, mais afinidade terá com SL, e quanto mais alinhado ao negócio, mais afinidade terá com o de código fonte fechado.

A pirâmide de TI

A explicação do porquê dessa divisão é longa e está na minha apresentação.

Linux, sendo só um SO, tem enorme afinidade com a infraestrutura, e por isso é uma opção excelente para essa camada.

Entre esses dois polos fica o tal do Middleware, que começa a ter boas opções no mundo livre, concorrendo de frente com produtos da IBM. A regra geral é ir sempre de Middleware comercial porque tem suporte e nível de serviço, que provê paz de espírito. A excessão fica para aplicações departamentais não-críticas nos casos onde o cliente sabe muito bem o que está fazendo com um middleware SL.

O que realmente importa para uma empresa que se preocupa com seu TI é usar produtos, software, hardware que seguem Padrões Abertos – não importando se o código é aberto ou não -, porque só isso é capaz de dar acesso a um mercado competitivo, que provê flexibilidade e poder de escolha – que implica em preços mais baixos.


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