Esses dias peguei estrada e coloquei aquele CD chamado Brasil Musical onde ouvi pela primeira vez o Ulisses Rocha. Desde aquele primeiro choque, anos atrás, quantas coisas maravilhosas conheci desse violonista e compositor !
Sim, hoje sei que Ulisses Rocha superou os monumentais do violão brasileiro: Sebastião Tapajos, Raphael Rabello, Paulinho Nogueira, e até Paulo Bellinati. Ele é completo e faz tudo de forma singular. Quando compõe, ampla e magnificamente, com uma inspiração solar, revela um canal aberto com planos transcendentais, espirituais. Mas é quando ele executa suas composições que suas harmonias alcançam nosso coração. Fico imaginando qual outro violonista poderia tocar Ulisses Rocha….
Não, não há sambas, maxixes, choros e bossas no repertório de Ulisses. Devemos recorrer aos outros monumentais para essas pulsações: Paulinho Nogueira, Rabelo, Canhoto, etc. Não que isso lhe falte, pois sua linguagem e sintonia são universais.
Sua técnica é intrigante. Por mais que escuto não consigo entender o que ele faz diferente. Só sei que é. Num perfeito balanço entre graves e agudos, que preenche cuidadosamente todo o ar. Quando digo técnica não me refiro a velocidade da pegada, tocar com os dentes, ou com o violão nas costas, mas a quantidade de beleza produzida quando 10 dedos encontram 6 cordas.
Mas onde está Ulisses Rocha no conhecimento das pessoas? Poucos ouviram falar, poucos o escutam. Isso me lembra a história de Bach, Mozart, etc, que eram praticamente desconhecidos à sua época, mas que suas obras se perpetuaram na universalidade décadas, séculos depois. Como eles, Ulisses nos traz o futuro hoje.
Não saia daqui antes de ouvir algumas de suas músicas (clique com o botão direito sobre o link para baixar o MP3 de alta qualidade antes de ouvir):
- De Cara Para o Sol
- Rio Acima
- Tudo Certo, de Ulisses Rocha, executado pelo Grupo D’Alma
- Imigrante, acompanhado de Teco Cardoso nos sopros
- Moleque, genial
- Frevo, de Egberto Gismonti, com Ulisses no violão e Teco Cardoso nos sopros
E conheça também outros violonistas brasileiros:
- Choro para Bordões, de Paulinho Nogueira
- Tocata Em Ritmo de Samba, de Radamés Gnatalli, na pegada do saudoso Raphael Rabello.
- Pulo do Gato, composição de Paulo Bellinati, executado por ele e o grupo Pau Brasil